sexta-feira, 26 de março de 2010

Reparação de tractor CATERPILLAR D7R (2ª PARTE)




















Esta segunda parte é um relato da viagem de regresso...
A segunda noite de sono na localidade da Bela Vista foi péssima. Apesar do conforto da casa cedida pelo governo local, os mosquitos declaram guerra aberta e eu optei por passar parte da noite no carro em plena rua...
Eram cerca de 3 horas de madrugada quando voltei a entrar em casa. Os mosquitos decidiram dar uma trégua e dormi até as 6 horas.
Devo mencionar aqui que regressamos da mata até esta localidade com problemas de travões na carrinha. Esta carrinha uma Mitsubishi L200, com caixa automática, bancos em pele e regulação eléctrica e ar condicionado certamente tornou a viagem menos penosa e venceu grandes obstáculos de "todo terreno".
Começamos por ver o depósito de óleo de travões que estava vazio e localizamos uma fuga deste fluído na roda direita da frente.
A experiência de um dos sócios da empresa " UNIVERSO DA MADEIRA", o sr Elídio Silva, que nos seus 83 anos de idade, demonstra um vigor e juventude invejável, indicou que o melhor a ser feito era selar a roda com problemas...
Assim após a desmontagem da roda, tentamos selar o parafuso de corpo oco e após várias tentativas isso foi conseguido com um prego martelado em forma de rebite...
Um pouco de cola tudo ajudou o processo...
Eram cerca das 9 horas e trinta minutos quando iniciámos a viagem de regresso para Luanda...
Lembro aquí que entre a mata e a Bela Vista, um dos camiões TATRA tinha um pneu rebentado...
A viagem corria sem problemas à velocidade de cruzeiro de trinta a sessenta kms/h sob os comandos do sr Elídio Silva que puxando dos "galões" ia dando lições de condução todo terreno e de uso de caixas automáticas...
Eu com é hábito ia fazendo perguntas sobre o funcionamento de diversos componentes e sobre a evolução dos automóveis em Angola, uma vez que o pai do sr Elídio Silva, foi proprietário de um famoso FORD modelo T, único carro na aldeia que ele algumas vezes "roubava" para conduzir...
Não posso esquecer de mencionar aqui, que para FLUÍDO DE TRAVÕES, USAMOS ÁGUA COM SABÃO e parámos umas quatro vezes para repor o nível e aliviar as bexigas, desta vez, só as bexigas...
Um dos temas de conversa, foi a odisseia de um Angolano que construiu um avião e que de cuja façanha até as televisões falaram...
Passei a chamá-lo de "O PAI DA AVIAÇÃO ANGOLANA"...
O avião era um "ser" híbrido construído com peças de outras aeronaves e equipado com um motor de VW 1600 refrigerado a ar...
Como o sr Elídio Silva conhecia o Barão vermelho da aviação Angolana, disse-lhe que a "Coisa" não voaria, pois estavam muitas leis da física em causa...
Porém o iluminado "cientista" acreditava na sua máquina e garantia o domínio completo dos ares...
Relatou-se que numa das demonstrações o "sptifire" made in Angola arrancou sem piloto e trucidou duas viaturas dos visitantes, porém o orgulhoso "comandante" garantiu ter orçamento para cobrir os danos...
Diz-se que a odisseia terminou, quando numa das tentativas de descolagem, o avião ( por medo de voar ou por sofrer de vertigens) decidiu não fazê-lo e foi "marrar" contra uma parede...
O ás dos ares sobreviveu apenas com o orgulho ferido e parece que temporariamente ou não decidiu ter os pés bem assentes na terra...
O sr elídio contou-nos ainda que nos tempos dele de estrada, reparava motores gripados à mão em plena estrada de terra batida...
Com essas e outras histórias, eram cerca das 18 horas quando chegamos à Luanda...
Pelo caminho, passámos pelas TATRAS, que estavam novamente paradas por rebentamento de pneus... O vendedor dos camiões propôs-se a fornecer 8 pneus novos para resolver esse problema...
Para quem como eu estava ausente da Pátria durante tanto tempo, esta foi uma bela recordação dos tempos passados e de que com vontade tudo se pode fazer…